A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabeleceu a figura do Encarregado de Dados, mais conhecido pela sigla DPO (Data Protection Officer), como peça-chave na estrutura de governança de privacidade de uma organização.
Ele é o profissional responsável por ser a ponte entre a empresa, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), além de orientar e fiscalizar as práticas internas de tratamento de dados.
Diante da obrigatoriedade de nomeação de um DPO para a maioria das empresas, surge uma decisão estratégica crucial: é melhor nomear um colaborador interno para a função ou contratar um serviço especializado, o chamado DPO as a Service?
A escolha entre DPO interno vs. DPO terceirizado não é trivial e depende de uma série de fatores, como o porte da empresa, a complexidade das operações de tratamento de dados, o orçamento disponível e a cultura organizacional. Ambas as opções possuem vantagens e desvantagens claras.
Neste artigo, vamos realizar uma análise aprofundada dos dois modelos para ajudá-lo a tomar a decisão mais informada e estratégica para o seu negócio.
O que é um DPO e quais são suas responsabilidades?
Antes de comparar os modelos, é fundamental entender o escopo de atuação do DPO. Segundo o artigo 41 da LGPD, as principais atividades do encarregado são:
- Receber reclamações e comunicações dos titulares, prestandoesclarecimentos e adotando providências adequadas.
- Receber comunicações da ANPD e atuar conforme suas orientações.
- Orientar os funcionários e os contratados da entidade sobre as práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados pessoais.
- Executar as demais atribuições determinadas pelo controlador ou estabelecidas em normas complementares.
Na prática, o DPO precisa ter um conhecimento profundo da LGPD, de segurança da informação, de tecnologia e dos processos de negócio da empresa. Ele deve ter autonomia e independência para exercer sua função, evitando qualquer conflito de interesses.
Modelo 1: O DPO Interno
Um DPO interno é um profissional que integra o quadro da própria empresa, podendo serr contratado especificamente para essa função ou ter suas atribuições acumuladas com outro cargo, desde que não haja conflito de interesses.
Vantagens do DPO Interno
- Conhecimento Profundo do Negócio: O DPO interno vive a cultura da empresa e tem um conhecimento íntimo dos processos, sistemas e fluxos de dados. Isso pode acelerar o mapeamento de dados e a identificação de riscos específicos do setor.
- Proximidade e Acessibilidade: Por estar presente no ambiente organizacional da empresa, o DPO interno pode ser facilmente acessado por outras equipes para tirar dúvidas, realizar treinamentos e decisões referentes ao tratamento de dados.
- Imersão na Cultura Organizacional: Um profissional interno pode ser mais eficaz na promoção de uma cultura de privacidade, pois compreende as nuances da comunicação e do engajamento da equipe.
Desvantagens do DPO Interno
Embora o DPO interno traga benefícios importantes em termos de integração e conhecimento organizacional, esse modelo também apresenta desafios relevantes:
- Custo Elevado: Contratar ou alocar um profissional qualificado para a função de DPO pode ser caro. Além do salário, há custos com encargos, benefícios e, principalmente, com capacitação e certificação contínuas, que são essenciais e onerosas.
- Dificuldade de Encontrar Profissionais Qualificados: O mercado brasileiro ainda carece de profissionais que reúnam todas as competências necessárias: conhecimento jurídico, técnico (segurança da informação) e de negócios. A busca por esse profissional pode ser longa e competitiva.
- Risco de Conflito de Interesses: Esta é uma das maiores armadilhas. Se um funcionário acumula a função de DPO com outra que envolve a tomada de decisão sobre o tratamento de dados (como gerente de TI, marketing ou RH), sua imparcialidade fica comprometida, o que é uma violação da LGPD.
- Visão Limitada: Um DPO interno pode ter uma visão “viciada” pelos processos da empresa, com dificuldade para enxergar problemas ou soluções que seriam óbvias para um olhar externo. Sua experiência se limita à realidade daquela organização.
Modelo 2: O DPO as a Service (Terceirizado)
O DPO as a Service, ou DPO terceirizado, é um modelo no qual uma empresa contrata um fornecedor especializado para exercer a função de Encarregado pelo Tratamento deDados. Esse fornecedor designa um ou mais profissionais qualificados para atuar como DPO da contratante.
Vantagens do DPO as a Service
- Redução de Custos: Esta é a vantagem mais significativa. O modelo terceirizado elimina custos com salários, encargos trabalhistas, benefícios e treinamentos. O valor do serviço é, na maioria dos casos, muito inferior ao custo total de um DPO interno.
- Acesso a Expertise Multidisciplinar: Empresas de DPO as a Service contam com equipes de especialistas em diversas áreas, comodireito, cibersegurança, governança, tecnologia.. Ao contratar o serviço, sua empresa não acessa apenas um profissional, mas todo um time de especialistas com vasta experiência em diferentes setores e desafios.
- Independência e Imparcialidade Garantidas: Por ser um agente externo, o DPO terceirizado não possui vínculo empregatício direto, nem está sujeito a pressões internas, garantindo a ausência de conflito de interesses e uma atuação totalmente focada na conformidade.
- Experiência e Benchmarking: Um DPO terceirizado atende a várias empresas e está constantemente lidando com diferentes tipos de incidentes, fiscalizações e desafios. Essa bagagem permite que ele traga as melhores práticas de mercado e soluções já testadas para a sua organização.
Desvantagens do DPO as a Service
- Menor Imersão na Cultura da Empresa: O DPO externo pode levar mais tempo para entender profundamente as nuances da cultura e dos processos específicos da empresa. Uma boa comunicação e um processo de onboarding bem estruturado são cruciais para mitigar esse risco.
- Disponibilidade: O profissional terceirizado não está integralmente presente na empresa no dia a dia. Por isso, é fundamental que o contrato de prestação de serviços (SLA) defina claramente os níveis de atendimento, prazos de resposta e horários de disponibilidade, assegurando que o suporte ocorra de forma ágil e eficaz.
Como escolher a melhor opção para o seu negócio?
A decisão final deve ser baseada em uma análise sincera e realista do porte e necessidade da sua empresa. Abaixo, destacam-se os cenários mais comuns: :
- Para Grandes Corporações: Empresas com operações de dados muito complexas e de alto risco, e com orçamento para montar uma equipe de privacidade robusta, podem se beneficiar de um DPO interno dedicado, possivelmente apoiado por consultorias externas para projetos específicos.
- Para Pequenas e Médias Empresas (PMEs): Para a grande maioria das PMEs, o DPO as a Service é a solução mais lógica e vantajosa. Ele oferece acesso a um nível de expertise que seria financeiramente inviável de internalizar, garantindo conformidade de alta qualidade com um custo previsível e acessível.
- Para Startups e Empresas de Tecnologia: Nesses casos, onde a agilidade é chave e os dados são o core business, um modelo híbrido pode funcionar, mas o DPO as a Service se destaca por trazer uma visão externa e experiente que ajuda a construir produtos e serviços já em conformidade (Privacy by Design).
A Solução da Data Guide: Expertise e Custo-Benefício
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Conclusão
A escolha entre um DPO interno e um DPO as a Service é uma das decisões mais importantes na sua jornada de adequação à LGPD. Enquanto o DPO interno oferece a vantagem da imersão no negócio, ele vem com custos elevados e o risco real de conflito de interesses. O DPO as a Service, por outro lado, surge como uma solução moderna, flexível e altamente eficaz, democratizando o acesso a especialistas de ponta e oferecendo um caminho mais seguro e econômico para a conformidade.
Para a maioria das empresas brasileiras, a terceirização do DPO não é apenas uma opção viável, mas uma escolha mais inteligente e estratégica.
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